quinta-feira, 11 de agosto de 2011

ESSA GENTE QUE ESQUECEU DE SER GENTE




O Gavião morrendo numa engenhoca conhecida por arataca sem perder a pose e o olhar penetrante

Numa manhã abrasadora do ano de 2009, lá pelas bandas do sertões do Caicó, a Rainha do Seridó, primor de beleza nos rincões da Caatinga Potiguar, embrenharam-se com a bravura dos soldados de Aquiles, dois nobres guardiões da natureza, o Cabo Elisaldo e Soldado Reginaldo, que com aguçada operatividade diligente depararam-se com uma das mais tristes cenas e ao mesmo tempo com um belo exemplo da grandeza dos bichos da nossa bela natureza, que indubitavelmente permanecerá por muitos anos na mente de nós Policiais Militares Ambientais e a partir de hoje na recente literatura policial militar do Estado do Rio Grande do Norte. Protagonizou no emblemático cenário, aquele que não nasceu com o dom menor de chorar, mesmo sentindo a implacável dor da morte cruel, porque morrer desse jeito, chorando, deve ser coisa dessa gente que esqueceu de ser gente. Ali preso no ferro, que vem da terra e na maligna engenhoca, estava aquele que foi condenado simplesmente por ser belo, altivo, imponente e desfrutar da regojizante liberdade nos céus da América? Isso só pode ser coisa dessa gente, gente que esqueceu de ser gente. Os nobres guerreiros de Aquiles, na hora ficaram sensíveis tão quanto, para não fugir da época, as mulheres grávidas de Atenas, e aí passaram a tratar aquele senhor dos céus como se tratavam os Reis naquela época, porque realmente ali estava o exemplo da nobreza e porque não cometer o pecado da omissão, da grandeza, grandeza daqueles que lutam contra o desvio de conduta dessa gente que esqueceu de ser gente. E assim caminha a humanidade, numa dialética de senhor e de escravo, homem racional senhor, natureza irracional escrava? Onde está a ética da natureza neste caso? Nessa gente que esqueceu de ser gente? 

No papel da nobreza está aquele que Deus fez nascer belo e livre, no da grandeza os que compreendem e enxergam os sinais que refletem a obra do Criador, através do comportamento desses indefesos animais. E qual o papel dessa gente que esqueceu de ser gente? Lutemos, pois, com a altivez dessa ave de rapina, que tanto engalana os céus do nosso Brasil varonil, contra o comportamento desses e de muitos outros que tentam impor a escravização da natureza, com artifícios vil, deixando dessa forma de ser gente como aquela gente que de certa forma tenta evitar que esses lamentáveis fatos se perpetuem, aquela gente que estava lá amparando e prestando solidariedade aquele elegante animal, envergonhado e decepcionado por ser na aparência e não na essência, gente como aquela que esqueceu de ser gente.
Túlio César Alves de Oliveira – TC QOPM



O Sd Reginaldo demonstra sensibilidade para a câmera fotográfica e
tenta em vão amparar o indefeso animal

Cabo Elisaldo observa a cena com ar de decepção e impotência


Obs.: imagens/créditos: CIPAM
Do Blog: Jorge Hipólito

Nota do Blog: Vale a pena rever essa matéria digo aos senhores foi uma das ocorrências que mais me emocionou. Parabenizo o 
TC Túlio que Comandou por vários anos a CIPAM (Companhia Independente de Proteção Ambiental) pela sensibilidade em extrair dessas cenas e do fato tão belas palavras que nos colocam a refletir sobre o nosso papel enquanto seres humanos, gestores do planeta. 
Orgulho para o RN e para as polícias de todo Brasil.


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